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Numa madrugada de Maio,
Com o sol a espreitar no cimo dos montes,
Estrada fora carregava, a custo, meia dúzia de livros.
De repente uma força irreprimível
Faz das minhas mãos,
Mãos mágicas, fizeram nascer,
Nos meus longos cabelos rosas e mais rosas.
Poucos passos dados,
Os meus pés proclamam a independência,
Voltam atrás e as mãos continuaram,
O seu trabalho.
Agora tinha rosas na boca,
Rosas pendentes das orelhas,
Rosas que desciam braços nus abaixo,
Plantadas nas dobras da camisa.
As loucas, até dos livros fizeram surgir rosas.
Não cheguei ao destino.
Um olhar ríspido,
Um dedo em riste,
Uma directora-estátua,
Apontou-me o caminho de volta.
E eu só ia engalanado com rosas.
Juro que eram só rosas.
Zé Onofre