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Textos/comentários a publicações de autores de outros blogs.

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Comentários

30
Nov21

Comentário 163

Zé Onofre

                     163       

 

2021/08/09

 

Uma folha em branco

É campo de neve

Que animal algum

Bípede,

Quadrúpede,

Ou voadora

Manchou.

 

Há palavras tão pudicas

Que passam de largo

Para não serem vistas

 

Há outras,

Éguas selvagens

Soltas em planícies

Mais rápidas que o vento.

 

Outras são bombas

Que embelezam o campo puro da neve

Em explosões

De luz,

De alegria,

De Paz,

De Amor,

De eterna fraternidade.

 

Outras são misseis

Que mancham o campo puro da neve

Em luzes negras

De horrores,

De holocaustos,

De perseguições,

De injustiças,

De sangue e morte.

 

Contudo as palavras que se revelam

Neste campo de neve

Não escolhem

Serem mensageiras de alegrias,

Ou portadoras de horrores.

 

A realidade

Que no momento preocupa

A mão que escreve,

É que o fará campo de flores,

Ou lamaçal de corpos e sangue,

Aquele campo de neve pura.

 Zé Onofre

29
Nov21

Comentário 162

Zé Onofre

                      162

 

2021/08/08

 

Sentado em silêncio

A partilhar milénios

Com as águas deste rio,

Aparentemente em movimento,

Que aqui se apearam

Para espelhar

A tua chegada calma

Como se viesses

Nas asas do sonho.

 

Aqui sentado,

Mais quedo do que as águas,

Mais silencioso

Do que o bater das asas

De aves milenares,

Das vozes roucas dos corvos,

Que se uniram

Para fazerem coro

Com as rizadas e cantares

Das crianças

Iguais

Em todos os tempos e lugares.

 

Aqui sentado,

Neste nesta areia sem tempo,

Enredo-me

No hoje

E nas recordações,

E fico tão fora do mundo,

Que não sei se os suspiros,

Os beijos,

Os abraços,

Tudo o que vivemos

Na areia ainda húmida

Ébrios

Dos nossos lábios

Carregados de licores,

São neste tempo,

Ou num tempo sem tempo.

 

Aqui sentado

Vivendo tudo agora,

Ou na recordação

Que o silêncio conserva.

 Zé Onofre

 

28
Nov21

Comentário 161

Zé Onofre

                     161 

 

2021/08/07

 

Ir

Por aí

Sob a arcada das árvores

Brincando com a luz,

As sombras,

E o silêncio.

Ir

Por aí,

De mãos tímidas,

Na tarde dourada

Percorrendo espaços

Que somente a imaginação

Poderá descodificar.

Ir

Por aí

Ousadamente

Olhar as águas

Que de tão paradas

São quadro abstracto.

Ir

Por aí

De degrau em degrau

Pelo silêncio da noite,

Pela claridade dos anos

Celebrando

Os dias vividos.

Ir

Por aí

Sem ansiedade,

Sem promessas.

Ir

Por aí

Apenas ir

Sentada nesta cadeira,

Olhando-te

Fixo naquela boia de pesca.

Sei que naquela boia quieta

Não é a boia que vês.

Naquela boia dás-me a mão

Para seguirmos um rumo

Que o amanhã, talvez,

Revelará.

27
Nov21

Comentário 160

Zé Onofre

                     160         

 

2021/08/06

Quero chegar.

Onde ?sei lá.

 

Ali,

Além,

Ou mais além ainda

Do que imaginar se possa.

 

Vou andar.

Um pé a seguir a outro,

Por antigas veredas,

Velhos caminhos,

Ou por ruas estradas ainda não rasgadas,

Sei que vou.

 

Como todos que caminham

Sei que cairei

E de que algumas quedas

Resultarão mazelas graves.

Com sorrisos as sararei.

Mais doloroso

Será

Carpir mágoas

Estendido no chão.

 

Levantar

Decididamente

Tropeçar de novo

Regressar ao caminho

Até chegar ao destino que desconheço.

 

Andarei até romper as botas,

Até os dedos romperem o cabedal,

Até os meus pés serem as suas solas.

Chegarei lá,

Mesmo que chegue sozinho,

Mas chegarei.

26
Nov21

Comentário 159

Zé Onofre

             159       

2021/08/05

Respira-se a vida,

A fitar o azul-profundo,

A caminhar pela areia infinita,

A fitar navios, pontos negros no mar,

A acercarmo-nos de velas geradoras do vento,

A entrar pelo infinito com que as velas jogam,

A navegar em palavras,

Para além do céu.

Até aos ilimites do espaço.

   Zé Onofre

 

 

 

 

 

Respira-se a vida

Tomando as asas aos pássaros

E livres

Traçar voos com ida

Mas sem volta.

Ao perdermo-nos num penhasco,

Joelho, continuado por um braço,

Apoio de um rosto cansado.

A escrever de memória,

Arco perdido no presente,

Que lança setas arqueadas,

Em forma de poemas

Vencendo o precipício.

19
Nov21

Comentário 158

Zé Onofre

    158

 

Nas palavras

Há verdades escondidas,

Caminhos escuros,

Veredas luminosas,

Tesouros perdidos.

 

Nas palavras escritas em placas de argila,

Em folhas de papiro,

Em tabuinhas de cera,

Nas memórias dos velhos,

Nas memórias dos poetas,

Nas memórias dos bardos,

Nos tratados filosóficos,

Há bravura que se derrama em fraqueza.

 

Há verdades absolutas,

Há mentiras

Que se vestem de verdade,

Há medos

Que atrás de armaduras e escudos

Se engalanam de coragem.

 

Nas palavras tudo é possível.

A verdade

Estampa-se nos gestos.

Cair,

Levantar,

Erguer a cabeça,

Seguir em frente,

Sem querer saber de quedas futuras.

 

O gesto de enfrentar,

Ainda que com olhares líquidos,

Quem espezinhou,

Apontar o nariz ao futuro

Mostra dignidade,

Expõe o seu grande coração

Que nunca escondeu.

   Zé Onofre

18
Nov21

Comentário 157

Zé Onofre

                      157

 2021/08/04

Quem nunca se perdeu

De mãos dadas

Por dias e noites

De lua cheia?

Quem

Nunca se deixou

Enredar nos fios

De um olhar?

Quem

Nunca teve um momento,

Do dia,

Da noite,

Ou sem tempo,

Que se fez explosão de luz,

Quando um mais um

É igual a um?

 

Infelizes, aqueles

Que nunca perderam

A noção do tempo,

A noção do espaço,

A noção da sua individualidade.

  Zé Onofre

17
Nov21

Comentário 156

Zé Onofre

                     156

 

2021/08/03

 

Procuro o silêncio

Nas horas plenas

Da noite avançada.

O silêncio solta a imaginação.

Rumo ao vazio,

Tento ler os segredos

Das suas origens

Que esconde com pudor

De se expor.

Enquanto vagueio

Entre as palavras não escritas.

Ele, maroto,

Decifra-me como se fosse de cristal.

Em mim descobre

Universos completos.

Estrelas,

Planetas,

Órbitas,

Probabilidades de Universos paralelos.

 

Rendido a ele,

Silêncio absoluto,

Silêncio escritor,

Meu mestre etéreo.

Rendido ao silêncio

Que é mar e sol,

Deserto e praia,

Cascatas e arco-íris,

Brumas e encantamento.

 

Submetido

Às colinas de palavras,

Flutuo de uma a outra.

Cada parágrafo, que não escreve,

É um precipício

Em que desfaleço

De onde me resgata

O veleiro da imaginação.

   Zé Onofre

16
Nov21

Comentário 155

Zé Onofre

            155

 

2021/08/02

 

A vida é feita

De estranhos caminhos.

Linhas emaranhadas,

Encruzilhadas desconhecidas,

Palavras mal garatujadas,

Lutas leais,

Lutas desiguais,

Vãs glórias,

Fortes vendavais.

 

A vida

É o medo que nos rói,

A alegria que nos eleva,

É mentira que dói,

A verdade que magoa,

O vazio que nos preenche,

A solidão que nos rodeia,

A multidão que nos esmaga,

A tristeza

Que se derrama dos olhos.

A vida são amores,

Desamores,

Ódios,

Amizades

Que vão,

Que veem,

Que ficam,

Que estão.

A vida está lá.

 

 

Felizes os que a acham.

  Zé Onofre

15
Nov21

Comentário 154

Zé Onofre

                 154

 

2021/08/02

 

Cá para nós,

Que ninguém nos ouve,

Mas que alguns lerão,

A mágoa, a tristeza,

A raiva, a decepção,…

Escrevem palavras,

Que depois voarão até ao infinito,

Ou às profundas de uma gaveta desconhecida.

 

Ficam por lá

Sepultadas na poeira dos tempos,

Ruídas pelo bichinho de prata,

Ou então

À espera de um acto louco,

Que as atire sem dó, nem piedade,

Aos olhos desprevenidos

De desconhecidas gentes.

  Zé Onofre

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