Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Comentários

Textos/comentários a publicações de autores de outros blogs.

Textos/comentários a publicações de autores de outros blogs.

Comentários

07
Dez21

Comentário 169

Zé Onofre

                     169

 

2021/08/13

 

Felizes são os inocentes

Que medem o tempo

Pelas suas vidas.

 

Felizes 

Os que não conhecem

Frações de tempo,

Que o vivem sem medida.

 

Felizes

Para quem o tempo

Tem o tempo

Que tem.

 

Felizes

Os que não ganham,

Nem perdem tempo,

Que apenas vão

Na corrente do tempo.

 

Felizes 

Os que olham o tempo

Não como medida da vida,

Mas a vida como medida do tempo.

 

Infelizes nós,

Os governados por um tic-tac,

Pela vibração

Dum cristal de quartzo,

Pela semivida

De um metal radioactivo.

 

Tão infelizes

Que perdemos

Vapores,

Comboios,

Autocarros,

Aviões,

E até conseguimos 

Perder tempo.

  Zé Onofre

06
Dez21

Comentário 168

Zé Onofre

                    168 

2021/08/13

 

 Silêncio

Palavra neutra

A luz branca

Das palavras

 

Para o decifrar

Teremos que encontrar

O prisma

Que as refracte

Para se tornarem visíveis

 

O silêncio, teu,

É toda a resposta

Às perguntas infinitas

Desta que vês

E sabes quem é.

 

Quê? Porquê?

Sempre a correr atrás do tempo,

O tempo a fugir.

Não gastes o tempo

Com o tempo.

 

Olha bem

No fundo do meu olhar.

Repara

Não verás mentiras.

 

Apenas estampadas,

Com toda a transparência,

Os sentimentos

Que te demonstro

Em abraços bem apertados.

 

Percorro

O caminho do teu rosto.

Desço lentamente.

Começo na testa,

Passo nos olhos,

Na fenda da boca,

Nas colinas e vale do peito,

Continuo por aí abaixo

Sem pressa nem sofreguidão.

Regresso

Termina a caminhada

Selando o meu sorriso

Com aquele beijo, teu,

Que é único.

 

Vem autenticamente

De mãos nuas e puras.

Troquemos de corpos.

Nesse cruzar

Sentirás o que sinto,

Viverei a alegria

Que tu vives.

 

Os nossos corpos

Enredados um no outro

Será o prisma

Que lerá o silêncio que nos une.

   Zé Onofre

 

05
Dez21

Comentário167

Zé Onofre

                     167

                       

2021/08/12

 

Neste momento

Em que a coragem

Tem de chegar

Vinda sabe-se lá de onde.

Neste momento

Em que toda a força

É necessária

Para enfrentar o medo

Que nos tolhe o pensamento.

 

Neste momento

Em que a nossa vida

É feita refém de segredos

Tão longe do nosso entendimento.

 

Neste momento

Em que velhos caminhos

Se cruzam com novos caminhos

Que andamos ao deus dará 

Sem sabermos de rumo, nem rota.

É preciso que saibamos,

Que algures no meio da Tempestade,

Mesmo sem provas evidentes,

Estará lá alguém 

Que resistirá connosco.

Esse desconhecido

Podes ser tu,

Pode ser ele,

Será um “eu ”colectivo”

Forjado na adversidade.

Zé Onofre

04
Dez21

Comentário166

Zé Onofre

                     166

 

2021/08/10

 

No nada não estou só.

Pela cabeça

Passam filmes

Mil vezes vistos,

Tantas vezes revisitados.

 

Em cada cena

Há sempre algo de novo

Que não estava lá

Das outras vezes.

 

Aquele aperto

À beira do tasco

Onde os corpos quase se fundem

Entre risinhos,

Faces coradas,

Mãos inquietamente abandonadas,

Feitas esquecidas

Passeando pelos corpos dos outros.

 

Nunca vinte minutos

Demorou um tempo

Não imenso,

Mas uma eternidade

A passar.

 

A multidão espraia-se

Individualiza-se.

Aparecem os rostos.

A uns abraços,

Para outros, um simples aceno.

Os rostos femininos surgem.

Para algumas um olhar longo,

Para outras, um sinal cúmplice

De futuros encontros.

 

É festa na aldeia.

Não é Verão,

É Maio.

 

No improvisado campo de Futebol

Hoje é uma pista de carros,

Que ao som de música,

Fora de prazo há mil anos

Acompanha os risos,

Os choques,

A perícia dos melhores.

 

Ao lado está o café associativo,

Onde a cerveja corre,

O fumo turva os olhares.

Há jovens fingindo estar por estar,

Enquanto uma mão

Intencionalmente distraída,

Encaracola o cabelo.

Também finge

Não ver uns olhos verdes

Presa nos seus caracóis

E que à saída lhe faz um sinal.

E ele fazendo-se entediado

Segue-a.

 

No fim da tarde

O povo crente alinha-se na procissão,

E jovens, vestidos de verde,

Agradecidos à Santa

Por terem regressado vivos da Guerra,

Preparam-se para levar

O pesado andor coberto a folhas de ouro.

 

A tarde tende para a noite.

As pessoas encaminham-se

De volta ao lar.

O jovem dos caracóis,

Acompanha a dos olhos verdes

Até sua casa.

 

Sem querer,

A escrever sobre tudo e nada

Fiz uma viagem

Aos meus dezasseis anos.

Assim, sem mais nem menos.

03
Dez21

Comentário 165

Zé Onofre

                   165

2021/08/10

 

A minha vida

Não sou eu

É apenas o que pareço.

 

Gosto de andar lá por cima

Nu

Ou vestido

A apreciar as pequenas formigas no carreiro.

 

Não tento desvendar segredos,

Nem em murmúrios

Comentar uns belos olhos,

Ou sequer acariciar

Aqueles cabelos soltos no vento.

 

O rosto que surge,

Uns peitos que apontam

Possíveis caminhos,

Apenas me deixo fantasiar.

 

Fantasias

Que caneta alguma ouvirá,

Essa comadre de leva e trás,

Em parceria com o papel.

 

Lá no alto,

Sem saber de onde venho

Sinto-me um Génio

Sem dons.

 

Incapaz de saber os longes,

Crio amores

Para os quais devagar avanço.

 

No último momento,

Tão sombra como me aproximei,

Recuo ainda mais sombra

Sem saber para onde vou.

escrito de pois de ler -  Deixo aos outros saberem viver a minha vida, Maria em silêncios

Zé Onofre

 

02
Dez21

Comentário 164

Zé Onofre

                    164       

2021/08/09

 

Aquela mulher ali sentada

Pacificamente

Lê um livro sereno.

 

Alheada de tudo

Tão enlevada na leitura

Que mesmo o sol,

Que lhe queimava as costas,

Também ele se deixara levar

Pelo encantamento das palavras.

 

Uma sombra

Furtiva

Passeia-se pelo areal

À caça,

Ou apenas a provocar.

 

Senta-se,

Parecendo casualmente,

Próximo da leitora

Que não está ali.

 

Lentamente

Uns olhares, pouco furtivos,

Trazem-na de lá de longe

Para aquela praia

Onde se sente

Profundamente invadida.

 

Levanta-se furiosa.

E quando se esperava

Que reagisse

Metendo na linha o atrevido,

Voltou a sentar-se

Aceitando a humilhação

Do mesmo modo de quando era menina.

Zé Onofre

Pág. 3/3

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D