Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Comentários

Textos/comentários a publicações de autores de outros blogs.

Textos/comentários a publicações de autores de outros blogs.

Comentários

30
Nov21

Comentário 163

Zé Onofre

                     163       

 

2021/08/09

 

Uma folha em branco

É campo de neve

Que animal algum

Bípede,

Quadrúpede,

Ou voadora

Manchou.

 

Há palavras tão pudicas

Que passam de largo

Para não serem vistas

 

Há outras,

Éguas selvagens

Soltas em planícies

Mais rápidas que o vento.

 

Outras são bombas

Que embelezam o campo puro da neve

Em explosões

De luz,

De alegria,

De Paz,

De Amor,

De eterna fraternidade.

 

Outras são misseis

Que mancham o campo puro da neve

Em luzes negras

De horrores,

De holocaustos,

De perseguições,

De injustiças,

De sangue e morte.

 

Contudo as palavras que se revelam

Neste campo de neve

Não escolhem

Serem mensageiras de alegrias,

Ou portadoras de horrores.

 

A realidade

Que no momento preocupa

A mão que escreve,

É que o fará campo de flores,

Ou lamaçal de corpos e sangue,

Aquele campo de neve pura.

 Zé Onofre

26
Nov21

Comentário 159

Zé Onofre

             159       

2021/08/05

Respira-se a vida,

A fitar o azul-profundo,

A caminhar pela areia infinita,

A fitar navios, pontos negros no mar,

A acercarmo-nos de velas geradoras do vento,

A entrar pelo infinito com que as velas jogam,

A navegar em palavras,

Para além do céu.

Até aos ilimites do espaço.

   Zé Onofre

 

 

 

 

 

Respira-se a vida

Tomando as asas aos pássaros

E livres

Traçar voos com ida

Mas sem volta.

Ao perdermo-nos num penhasco,

Joelho, continuado por um braço,

Apoio de um rosto cansado.

A escrever de memória,

Arco perdido no presente,

Que lança setas arqueadas,

Em forma de poemas

Vencendo o precipício.

09
Out21

Comentário 120

Zé Onofre

120

 

Todo o Homem

Que já foi Menino

- Há “homens que nunca foram meninos”-

Se lembra

Desse tempo de encantamento.

Desse tempo

Em que acreditava

Que os seus olhos

Clareavam o dia,

Que acreditava

Que a correr

Arrastava o sol pelo azul,

Qual estrela de papel.

Que o movimento das suas mãos

Agitavam as árvores ao vento.

Que os segredos

Que as folhas confidenciavam às aves

Os segredava da sua boca inocente.

Que estas, diligentes,

Faziam chegar aos poetas.

Que os versos

Eram os sonhos que ele murmurava

Enquanto brincava

No verde dos campos,

Sentado num penedo

A mirar o rio.

Acreditava

Que o rio e o mar,

Aquela rocha e o monte além,

Existiam pela sua vontade.

Sentia-se Senhor da Terra e do Céu

Que bastava dizer a palavra mágica

Para voar para além do horizonte,

Muito mais além das estrelas,

Para além do que a imaginação alcança.

Feliz o Homem,

Que,

Por breves momentos mágicos,

Volta a ser aquele inocente menino.

  Zé Onofre

19
Set21

Comentário 101

Zé Onofre

            101

 

Alentejo

Terra mítica da minha infância,                                            

Cantado por um tio desafinado,

Que não temia assassinar a música

Com a sua voz,

Conhecida por toda a aldeia

- “Ó Baleizão, Baleizão,

Ó Terra baleizoeira,

Hei de ir para lá um dia

Queira o Toninho ou não queira.”-

 

 Já jovem

Apaixonei-me pelo Alentejo de Catarina

Magistralmente cantada

Pelo bardo Zeca Afonso.

 

Em nove setenta e quatro,

Só,

Desci das Terras Verdes                             ,

Rumo ao sul Doirado.

 

Sem roteiro, nem bagagem,

Ao sabor da boleia

Parava, onde parasse

Comia, onde comesse,

Dormia, onde dormisse.

 

Entrei por Vila Franca,

Passei Vendas Novas.

A pisar a estrada quente,

Ou a rodar dentro de carro alheio,

Poisei em Évora já alta noite.

 

Ao outro dia, à tardinha,

Pés na estrada

Dedo ao vento.

A Fortuna deixa-me frente a um quartel

Estava em Beja.

 

Um velho colega da primária,

O Fernando do Copa,

Dá-me as boas vindas.

Depois de lembrar até altas horas,

Durmo o resto da noite

No banco do jardim.

 

O dedo ainda me arrastou até mais a sul,

Contudo fui para ver o Alentejo.

Era um mar de oiro.

Aqui, além, mais longe e mais perto

Colunas de fumo

Elevavam-se no azul transparente.

 

Era o resultado de mãos criminosas

Que saudosas do antes do vinte e cinco,

Queimavam o pão do Povo.

15
Set21

Comentário 97.1

Zé Onofre

                   97.1

Caminhos,

Velhos caminhos

São sempre os mais queridos.

Os novos caminhos nunca se igualam

Aos velhos caminhos.

Quanto mais antigos

São os velhos caminhos

Que mais nos atraem.

Que mistérios

Há nos velhos trilhos,

Que tantas vezes pisamos,

E que hoje, ao serem caminhados de novo,

Nos soltam duas fontes no rosto,

Um sorriso de melancolia

Na boca triste.

Que de novo têm os velhos trilhos

Se quando tantas vezes os passeamos

Há tantos anos?

Mais uma pedra, menos uma pedra,

Mais arbusto, menos arbusto,

Mais voo, menos voo,

De ave, mais, ou menos, migratória.

Sinto-me preso aos velhos caminhos

Pelas vozes dos amigos que ali vão,

Mas que há já muito se esfumaram,

São os pensamentos compassados

Ao ritmo de um outro tempo,

É o vento que esvoaça os cabelos

Que já não temos,

É aquela chuva miudinha.

É o estar sentado com a companheira

Olhando o horizonte.

E mesmo que a companheira de ontem,

Seja a companheira de hoje,

Companheira e paisagem

Não são as mesmas.

28
Ago21

Comentário 78

Zé Onofre

          78

O sonho nasce

De uma gota de orvalho

Refractando o sol da manhã.

Do piar de um recém-nascido,

Embalado pelo vento,

No seu berço no alto de uma árvore.

Da lágrima de uma mãe

Quando sente o bebé,

Saído do seu ventre,

No seu colo ávido de dar ternura.

De um sussurro do vento

Nas folhas de um bosque.

Do balir de um anhito,

Tropeçando, ainda, nas suas frágeis pernitas.

Do cantar de uma fonte,

Futuro ribeiro, ou rio,

Leito de sonhos levados para o mar.

Do Olhar de uma pessoa enamorada,

A ver o respirar manso da amada.

Do beijo delicado dos amados,

Numa noite de luar, ou de estrelas.

Do amor concretizado

Num momento único e simples.

Este sonho

Que nasce e renasce,

Que floresce em flores,

Amadurecem em frutos,

Que maduros largam as sementes no vento,

Nasceu no momento,

Ou quem sabe milhões de anos antes,

Em que um primata,

Inadvertido desceu de uma árvore,

E, sem saber o que fazia,

Caminhou pela Savana

Até se manter erecto.

   Zé Onofre

15
Jul21

Comentário 50

Zé Onofre

2021/03/11

Já não sei se as palavras

Unem, ou separam.

Já não sei se palavras

Que enuncio

São objectos precisos

Ou apenas balões levados no vento.

Não sei se as palavras fazem sentido,

Ou se apenas ganham sentido

Quando de tantas vezes repetidas perdem o sentido.

    Zé Onofre

 

 

 

 

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D