Comentário 173
173
2021/08/18
Regresso,
Às alturas
Onde o vento
Corre frio em Agosto.
Subo,
Ao morro
Onde outrora,
Numa torre de vigia,
Um jovem Cristão
Espiava o horizonte,
À espera
Da bela princesa Moira.
Abro os braços
À corrente quente
Que vinda lá do fundo
Me leva ao mais alto azul,
Ave de rapina.
Entonteço,
Em voltas e rodopios
Ascendentes.
Lá desse azul imenso
Vejo um fio de água,
Às vezes lagoas,
Que de açude em açude,
Desce os degraus até à foz.
No voo azul
Homens
Que fazem a sesta
À sombra das parreiras,
Ou seguram as paredes da casa
Com corpos cansados.
Uma corrente fria
Poisa-me suavemente
Folha morta
No chão.
Abro os olhos.
Os braços ainda
Balançam ao vento
Sobre o abismo.
No penedo dos encantos
Apenas o cabelo
Voa livre no vento.
Zé Onofre