Comentário 235
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022/03/19, comentário ao texto de Rita PN, «para que servem os poetas», em conta
me-historias.blogs.sapo.pt, no dia 022/03/18
De facto, os poetas para nada servem.
Spartacus escreveu um poema em ação.
Continua a haver escravos do ter,
E escravos que ajudam os outros a ter mais.
Cristo, dizem que viveu lá na Judeia,
Vai para dois mil e cem anos,
Escreveu um longo poema de amor para toda a humanidade,
A humanidade continua cheio de ódio e ambição.
Na Índia, no século vinte, um homem bom
Escreveu um belo poema de braços caídos.
A humanidade continua a levantar as mãos contra si própria.
Nos Estados Unidos, um homem simples
Escreveu poemas feitos de sonhos de igualdade entre todos.
A humanidade continua a desprezar-se a si própria.
De Liverpool, na velha Albion, um músico poeta
Escreveu uma canção cheia de sonhos e esperanças, Imaginem.
A humanidade continua a calcar com os pés e as mãos,
A destruir todos os dias as esperanças e os sonhos
E cada vez mais a capacidade de imaginar.
De facto, os poetas para nada servem,
Mas sem eles a realidade seria ainda mais insuportável.
Zé Onofre