Comentário 281
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022/07/23
Sobre, Quando os velhos se tornam invisíveis, imsilva 29.06.22, imsilva.blogs.sapo.pt
Dizem que há casas assombradas,
Fantasmas brancos e transparentes
Vagueiam entre as suas paredes,
Fazendo correntes de ar frias,
Uns,
Outros,
Mais desastrados, batem portas e janelas
Algum,
Mais pesadão, arrasta correntes pelo chão.
Quando fui mais novo
Desdenhosamente dizia
Não acredito,
Não passa de conversa de assusta criança.
Agora que a idade avança,
Olho as paredes,
O teto e o chão do quarto.
Sem espanto verifico
Que fico mais branco e transparente,
Mais desastrado e barulhento
Ao fechar janelas e portas,
E os passos arrastando vão
Tão pesados e descompassados
Como se arrastasse correntes pelo chão.
É então que descobro
Que os fantasmas sempre existiram,
Não nas paredes que me abrigam,
Isso sim, dentro da carne que sou.
Perdendo as terrenas ilusões
E já sem relutância vislumbro
– Um dos fantasmas sou eu.
Zé Onofre