Comentário 99
99
O meu rio não é o Tejo,
É um pequeno rio
Que não reflecte o azul,
Mas o verde das árvores.
Era um prazer no verão
Fazer quilómetros a descer
Nadar nas águas junto ao açude,
Ficar estendido na areia a ler um livro.
Depois olhar as aves ribeirinhas,
Guarda-rios penso eu,
Mergulharem com a certeza
De filarem um desprevenido peixe.
Ouvir apenas os sons da natureza,
Tão longe das gentes,
Que às vezes me julgava Adão.
Já lá vinha a sombra do monte
Que me empurrava monte acima,
Até casa, onde se acabava o enleio.