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A chuva a bater nas vidraças
A cantar nas telhas
Era um convite
Para me enrolar nos cobertores.
Lia um livro no quentinho
Até que a noite chegasse.
Então saía noite fora,
Apanhava a chuva,
Sentia-a a escorrer pelos cabelos,
Encharcava-me até aos ossos.
E andava, andava, andava.
Conversava com as pessoas,
De quem me isolava,
Sobre os meus segredos mais íntimos.
Voltava a casa altas horas,
A minha amiga noite ficava à porta.
Tomava um banho quentinho,
Voltava aos cobertores,
Continuava a ler o livro
Até às tantas,
Até muito depois da minha amiga noite,
Se ter despedido pela janela.
Zé Onofre