Comentário 168
168
2021/08/13
Silêncio
Palavra neutra
A luz branca
Das palavras
Para o decifrar
Teremos que encontrar
O prisma
Que as refracte
Para se tornarem visíveis
O silêncio, teu,
É toda a resposta
Às perguntas infinitas
Desta que vês
E sabes quem é.
Quê? Porquê?
Sempre a correr atrás do tempo,
O tempo a fugir.
Não gastes o tempo
Com o tempo.
Olha bem
No fundo do meu olhar.
Repara
Não verás mentiras.
Apenas estampadas,
Com toda a transparência,
Os sentimentos
Que te demonstro
Em abraços bem apertados.
Percorro
O caminho do teu rosto.
Desço lentamente.
Começo na testa,
Passo nos olhos,
Na fenda da boca,
Nas colinas e vale do peito,
Continuo por aí abaixo
Sem pressa nem sofreguidão.
Regresso
Termina a caminhada
Selando o meu sorriso
Com aquele beijo, teu,
Que é único.
Vem autenticamente
De mãos nuas e puras.
Troquemos de corpos.
Nesse cruzar
Sentirás o que sinto,
Viverei a alegria
Que tu vives.
Os nossos corpos
Enredados um no outro
Será o prisma
Que lerá o silêncio que nos une.
Zé Onofre