Comentário 122
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Há um Mostrengo tão bom a tecer,
As redes que tanto nos enredam,
Que com um dedo mágico nos faz crer
Que as peias que nos atam não são prisão.
São oradores tão doces no modo de dizer
Que melam as cabeças as viram e reviram
Que depois de tanta volta ficamos sem saber
Se mentem só agora ou se sempre mentiram.
Aves agoirentas querem-nos convencer
Que desde o mais profundo do tempo
Tudo aconteceu como tinha de acontecer.
Mas há um indomável pensamento,
Que da escuridão faz um novo amanhecer,
Que traz a vontade de vencer o Mostrengo.
Zé Onofre