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Textos/comentários a publicações de autores de outros blogs.

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Comentários

15
Abr22

Comentário 244

Zé Onofre

                  244

 

022/03/15

 

Sobre o poema “Da Janela” por D. Rafaela da Silva Melo

 

A janela pode ser apenas

Uma abertura para o quotidiano.

A janela é bela

Quando se abre para o além

E ainda mais longe.

 

A janela pode ser

Uma abertura numa parede fechada

Que permite a entrada da luz

E a fuga de um olhar.

 

A janela pode ser um espelho

Que desliga dois mundos.

Um espelho que reflete o mundo

Para o mundo,

Um espelho que reflete o interior

Para o interior.

 

Este é o tipo comum das janelas.

 

Há janela que unem mundos distantes,

Tempos separados por eternidades,

O alfa e o ómega,

O infinitamente pequeno

E o infinitamente grande.

 

Janelas por onde a imaginação

Cria impossíveis

E permite reduzir a zeros

A realidade que nos amarra a este pequeno mundo.

 

Esta é a janela

Por onde partimos à busca da sabedoria.

Zé Onofre 

17
Dez21

Comentário 178

Zé Onofre

                    178

 

2021/08/26 

 

Agosto,

Quando é que Agosto

Encurtou as férias,

Interrogo-me.

Desde que me lembro

As férias grandes,

 

Não tinham paredes

Tinham tempo para além do tempo.

 

Agosto,

Ficava no meio.

Havia um antes.

Havia um depois.

 

Começava no Sábado

Antes do primeiro Domingo de Agosto

Com fogueiras de pinhas,

Em honra da Srª da Graça,

À volta das quais brincávamos,

Cantávamos,

Até que a última pinha,

Da derradeira fogueira

Se desfazia em cinza.

 

Depois era o chiar de carros de bois,

Raparigas com cestos à cabeça,

Rapazes pendurados em escadas,

Cada qual tentando chegar às uvas,

Falsamente perdidas no céu,

Quando caminhavam sobre os cestos.

 

Havia outro depois

Depois deste.

Rapazes e raparigas,

Jovens e menos jovens,

Em roda liam papéis à vez.

Liam, reliam e voltavam a ler,

Os papéis desapareciam.

Começava, então, trocas de palavras

Tão fora do normal.

Pareciam um bando de dementes

A brincar às conversas.

 

A uma certa altura,

Numa adega, ou num salão,

Erguiam uma estrutura de madeira,

Suporte a paredes de papel pintado,

Com portas que abriam e fechavam,

E janelas de faz de conta.

 

No último Sábado e Domingo de Setembro

As portas da adega,

Ou do Salão abriam-se.

Muitas pessoas,

Também elas, certamente, de razão perdida,

Para verem entradas e saídas

Caminhares longos fingidos,  

Zangas e promessas de beijos

Tudo ensaiado até ao último pormenor,

Que o génio daqueles magos

Tornavam reais.

Três vezes vistas

 No último Fim-de-semana de Setembro,

 E sempre como se nunca tivesse acontecido.

 

Quando no Domingo à noite,

O pano se fechava pela última vez

Também encerrava as férias.

 

O sete de Outubro não tardava.

    Zé Onofre

27
Nov21

Comentário 160

Zé Onofre

                     160         

 

2021/08/06

Quero chegar.

Onde ?sei lá.

 

Ali,

Além,

Ou mais além ainda

Do que imaginar se possa.

 

Vou andar.

Um pé a seguir a outro,

Por antigas veredas,

Velhos caminhos,

Ou por ruas estradas ainda não rasgadas,

Sei que vou.

 

Como todos que caminham

Sei que cairei

E de que algumas quedas

Resultarão mazelas graves.

Com sorrisos as sararei.

Mais doloroso

Será

Carpir mágoas

Estendido no chão.

 

Levantar

Decididamente

Tropeçar de novo

Regressar ao caminho

Até chegar ao destino que desconheço.

 

Andarei até romper as botas,

Até os dedos romperem o cabedal,

Até os meus pés serem as suas solas.

Chegarei lá,

Mesmo que chegue sozinho,

Mas chegarei.

13
Nov21

Comentário 152

Zé Onofre

                 152

 

2021/07/18

 

De onde virá

Esta obsessão

Que nos move em frente.

Em que momento da história

Dos seres vivos

Surgiu essa vontade de liberdade?

Terá sido,

Naquele dia,

Naquele momento,

Em que simples macacos

Caímos, ou descemos, de uma árvore?

Terá sido

Quando,

Ainda curvados, de olhos no chão

Reparamos que não precisavamos das mãos para caminhar?

Terá nascido naquele momento mágico

Em que pela primeira vez que olhamos o horizonte

Quisemos saber o que havia mais além.

Terá sido quando pegamos numa vara

Vimos o nosso braço aumentar?

Terá sido, quando por acaso descobrimos

Que as sementes recolhidas,

Inopinadamente caídas à porta do nosso poiso,

Floriu em sementes iguais?

Venha essa vontade de ser livre de onde vier.

Tenha nascido em qualquer desconhecido tempo.

O certo é que esse sonho/vontade de liberdade

Alojou-se-nos no íntimo,

Quase sendo mais um gene nosso.

Se essa liberdade é sentida pelo coração,

Ou se é racionalizada, não sei.

Talvez seja matéria de estudo

Para arqueólogos, ou historiadores,

Sociólogos, ou antropólogos,

Psicólogos, ou filósofos,

Neurologistas, ou psiquiatras,

Ou outros entendidos nos meandros da natureza humana.

Sei,

E afirmo-o com certeza mais certa que posso ter,

Que não é para pessoas comuns

Tão frágeis

Que são as pessoas vendadas,

Perdidas nos meandros da paixão

Pela liberdade.

   Zé Onofre  

13
Out21

Comentários 124

Zé Onofre

               124

 

Sabendo-se, ou não,

Todas as idades

São idades de sonhar.

Apenas

Se mudam as idades

Mudam-se os sonhos,

E as vontades

De mudar.

Em todas as idades

Se sonha,

Sempre mais à frente.

Porém,

O mais à frente de cada idade

É mais curto.

Contudo, conforme o fim dos dias

Se vai chegando

Sonha-se sempre

Mais além da cova que nos espera.

Zé Onofre

29
Set21

Comentário 111

Zé Onofre

                 111

 

Que haverá  

Além,

Além da colina rochosa,

Colina rochosa, que encurta,

Encurta, o horizonte?

Que haverá

Para além das rochas

Mais areia, mais mar?

Ficamos?

Iniciamos a caminhada?

A caminhada

Para encontrar o mais longe,

Ou ir além

Do mais longe?

Sentámo-nos,

A imaginar o sem fim?

Sentámo-nos,

A visualizar aléns?

O sonho manda caminhar,

Para onde?

Seguir os passos

Que os sonhos guiam

Pelo caminho

Que faremos a caminhar.

O caminho

Onde novos sonhos.

Surgirão

A desenhar novos caminhos.

Cada pegada,

Marca de um sonho cumprido

Início de um outro

A cumprir-se.

Chegados,

Onde pensávamos ser o fim,

Mais longes se erguem.

Mais sonhos por onde irmos.

   Zé Onofre

05
Ago21

Comentário 50

Zé Onofre

            50

Um leito seco

À espera de água

Da chuva,       

Ou do mar.

Um mar calmo

Carinhosamente beija as pedras

Com a espuma das suas ondas.

Cabelos

Que ligeiramente esvoaçam,

Um olhar para o mar,

Ou para o além,

Mistério a desvendar.

No centro daquele mundo

Um grito vermelho,

Que somente entende,

Quem está atento à vida.

       Zé Onofre

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