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Comentários

13
Fev22

Comentário 208

Zé Onofre

                     208

 

2021/11/01, Sobre o texto O TEU OUTONO, Sandra, em 29.10.21

 

Avanças por entre o aroma,

Que o outono liberta,

Das Serras à corrente de água

Para onde te levam as passadas

À procura de mistério.

 

Passeias por caminhos entre muros,

Pintados a heras verdes,

Que cercam quintais

Coloridos por arvoredos

Cobertos por toalhas de folhas,

Verde-seco, vermelho, castanho.

 

Ouves aves tontas batucar

Nos vidros inquebráveis

Das janelas de onde, empoleiradas,

Ajudam a beleza da terra

Que os dias pintam de dourados.

 

Contudo, o teu caminhar matutino

Não procura de palavras

Mais ou menos coloridas.

 

No teu caminhar pela aurora,

Procuras um penedo atapetado

De musgo, onde à beira rio te sentas

À espera, por longos ou curtos momentos,

Pelos enigmas das névoas.

 

Nessas manhãs difusas

Escreves

Belas prosas, ou poesias,

Com a luz a que pertences.

Zé Onofre

21
Dez21

Comentário 181

Zé Onofre

                     181 

2021/08/29

[ Inspirado em Folha Dourada de Maria Neves]  

Por trilhos,
Talhados por pés ancestrais,
Caminho por entre velhos arvoredos
Em direção ao Tâmega.

Os pés vão lentos
Já não tenho pressa de chegar.
Já não tenho nos olhos
O brilho do Verão a começar.

Hoje, ao sabor do vento,
Folhas doiradas sobem e descem
Almas certamente perdidas
Das aves que se abalaram.

Poisam suavemente à minha frente
Mensageiras de novas, já esperadas,
Que o sol debruçado nos montes
Anuncia - O verão está a acabar.

Avanço com pernas lentas
Pressentindo o facto consumado.
O Verão nos seus derradeiros momentos
Traz já o Outono associado.

Chego àquela parte do rio,
Lagoa que fora verde, agora mil colorida,
Pelo reflexo das folhas outonais,
Pelos raios solares a rasar.

Entro de manso nas águas quedas
Nado até ao açude onde me sento.
Oiço o canto melancólico das águas
Escorrendo pelas pedras em fios derradeiros.

Regresso do açude numas últimas braçadas.
Sei que estas são as últimas
Enquanto os meus olhos melancólicos
Se alagam em água doce e salgada.

    Zé Onofre

 

 

 

29
Nov21

Comentário 162

Zé Onofre

                      162

 

2021/08/08

 

Sentado em silêncio

A partilhar milénios

Com as águas deste rio,

Aparentemente em movimento,

Que aqui se apearam

Para espelhar

A tua chegada calma

Como se viesses

Nas asas do sonho.

 

Aqui sentado,

Mais quedo do que as águas,

Mais silencioso

Do que o bater das asas

De aves milenares,

Das vozes roucas dos corvos,

Que se uniram

Para fazerem coro

Com as rizadas e cantares

Das crianças

Iguais

Em todos os tempos e lugares.

 

Aqui sentado,

Neste nesta areia sem tempo,

Enredo-me

No hoje

E nas recordações,

E fico tão fora do mundo,

Que não sei se os suspiros,

Os beijos,

Os abraços,

Tudo o que vivemos

Na areia ainda húmida

Ébrios

Dos nossos lábios

Carregados de licores,

São neste tempo,

Ou num tempo sem tempo.

 

Aqui sentado

Vivendo tudo agora,

Ou na recordação

Que o silêncio conserva.

 Zé Onofre

 

09
Out21

Comentário 120

Zé Onofre

120

 

Todo o Homem

Que já foi Menino

- Há “homens que nunca foram meninos”-

Se lembra

Desse tempo de encantamento.

Desse tempo

Em que acreditava

Que os seus olhos

Clareavam o dia,

Que acreditava

Que a correr

Arrastava o sol pelo azul,

Qual estrela de papel.

Que o movimento das suas mãos

Agitavam as árvores ao vento.

Que os segredos

Que as folhas confidenciavam às aves

Os segredava da sua boca inocente.

Que estas, diligentes,

Faziam chegar aos poetas.

Que os versos

Eram os sonhos que ele murmurava

Enquanto brincava

No verde dos campos,

Sentado num penedo

A mirar o rio.

Acreditava

Que o rio e o mar,

Aquela rocha e o monte além,

Existiam pela sua vontade.

Sentia-se Senhor da Terra e do Céu

Que bastava dizer a palavra mágica

Para voar para além do horizonte,

Muito mais além das estrelas,

Para além do que a imaginação alcança.

Feliz o Homem,

Que,

Por breves momentos mágicos,

Volta a ser aquele inocente menino.

  Zé Onofre

02
Out21

Comentários 114

Zé Onofre

114

2021/05/14

 

Agora

No fundo do tempo vejo

Um magote,

Rapazes e raparigas,

Concorrente de melros,

Lindas aves

De penas negras envernizadas

E bico encerado de amarelo,

E outra passarada,

Indo

De silvado em silvado.

Algumas aves medrosas,

De ladrões de ninhos,

Tentam afugentar a garotada

À bicada.

Deles,

A criançada,

É apenas concorrente,

Dos cobiçados frutos das silvas,

Que estas,   

Zelosamente, protegem com espinhos.

Contudo

O sabor agridoce daquelas bolinhas,

Vale bem umas ameaçadoras bicadas,

E uns arranhões sangrantes.

Cada um deles vai

De haste de silva em silva

Com uma malga.                          

A malga está cheia,

A malta

Com bigodes de orelha a orelha

Vai para casa.

A merenda daquela tarde está ganha.

Esmagadinhas com um garfo

Com açúcar loiro,

Comidas às colheradas,

São um manjar dos deuses.

   Zé Onofre

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