Comentário 85
85
Há momentos únicos
Como todos o são
Em que, por mais que o evite,
Não me julgue.
Acaba sempre no mereço estar aqui?
Para me sentir ainda menos
Olho em volta
Esteja à beira-rio
Vendo o fluir infinito das águas,
À beira-mar
Ouvindo as ondas no vaivém sem descanso
No cume de um monte
Fitando o horizonte e mais além
Vejo-me pequeno.
Sinto-me mais rasteiro
Comparado com os gigantes da Humanidade.
Com esta certeza de pequenez
Observo os que me rodeiam
“Será que os mereço?
Irei arrastá-los para a sombra onde estou?
Esgueiro-me de mansinho.
Já longe, recrimino-me.
Por que fugiste?
Te calaste?
Não te mostraste?
Quem te garante que não houve,
Pelo menos uma alma,
Que não gostaria de saber quem era
Aquele encasulado naquele cantinho?
Nunca o saberei porque fugi.
Zé Onofre