97.1
Caminhos,
Velhos caminhos
São sempre os mais queridos.
Os novos caminhos nunca se igualam
Aos velhos caminhos.
Quanto mais antigos
São os velhos caminhos
Que mais nos atraem.
Que mistérios
Há nos velhos trilhos,
Que tantas vezes pisamos,
E que hoje, ao serem caminhados de novo,
Nos soltam duas fontes no rosto,
Um sorriso de melancolia
Na boca triste.
Que de novo têm os velhos trilhos
Se quando tantas vezes os passeamos
Há tantos anos?
Mais uma pedra, menos uma pedra,
Mais arbusto, menos arbusto,
Mais voo, menos voo,
De ave, mais, ou menos, migratória.
Sinto-me preso aos velhos caminhos
Pelas vozes dos amigos que ali vão,
Mas que há já muito se esfumaram,
São os pensamentos compassados
Ao ritmo de um outro tempo,
É o vento que esvoaça os cabelos
Que já não temos,
É aquela chuva miudinha.
É o estar sentado com a companheira
Olhando o horizonte.
E mesmo que a companheira de ontem,
Seja a companheira de hoje,
Companheira e paisagem
Não são as mesmas.