65
Minhas velhas companheiras
Nos caminhos da minha vida.
Não é preciso viver-se no campo,
Para se as olharem com olhos límpidos,
Mas ajuda.
Levantamo-nos numa manhã,
Ainda a espalhar o resto do sono,
De punhos fechados.
Sai-se porta fora
E somos uma ilha
Cercados de um mar amarelo.
Continuamos a espantar um restinho de sono
Por entre muros de pedra,
Suporte aos campos,
Que nos sorriem com a brancura
Das suas margaridas.
No dia seguinte,
E nos outros que se lhe sucederão,
Haverá sempre algo de novo
A atrasar os passos.
É um cacho de rosas selvagens,
Na sua singeleza de quatro pétalas,
Brancas, vermelhas, rosas,
A desafiarem lá do chão agreste,
Donde irrompem,
As flores mimalhas nos seus paços ajardinados.
Caminhar pelos caminhos de cabras
Das ladeiras e cumes dos montes,
Onde o tojo selvagem nos brinda de amarelo,
As giestas nos acariciam o olhar de amarelo e branco,
As urzes brutas com o seu anil/violeta
Cobrem de roxo as encostas do Marão.
Na sua rudeza solitária,
São sempre flores,
Sem artifícios ou falsos aromas.
São as flores na sua vida pura.
Zé Onofre