Comentário 77
77
Amor.
Saudade.
Ilha.
Continente.
Não somos ilhas,
Nem Continentes,
Apenas uma cabeça,
Um zumbido imenso,
Um oco de pensamentos e sentimentos.
Há dias em que tudo perde o sentido.
O ruído que nos perde,
Nos afoga, nos apaga,
Nos reduz a um feroz nada.
Uma presença
Que toma conta das vontades,
Nos aterra, nos prega ao chão,
Ou que nos faz flutuar no nada.
Tem outros dias
Que somos ilhas com saudades do Continente,
Que somos Continente dispostos a incluir tudo e todos.
Sentimos os laços tão fracos,
Os sentimentos são tão frágeis
Que tudo tem que ser moldado de novo.
Amor, o laço que liga os continentes e ilhas.
Saudade, o fio que une o presente e o passado.
Amor e saudade intricado de nós que nos amarram.
Se é o amor cantado pelos velhos poetas,
Ou se é um amor sonhado por novos profetas,
O que importa
É que seja o amor que vivemos,
Ou o que inventamos, que nos une.
Se a saudade é aquele sentimento único
Que, dizem, é intraduzível,
Ou se é uma nova expressão,
Com o mistério de não ser misteriosa,
Que importa?
O importante, é que um ilumine o presente,
E a outra o farol que, do fundo do tempo
Indica o futuro.