Comentário 139
139
2021/06/25
Gosto muito de bancos do jardim.
Não me interessa
Que seja uma pedra dormente,
Estendida na terra,
Ou assente em duas escravas.
Não me interessa
Que seja uma estrutura luxuosa
De ferro fundido,
Coberto com madeira pintada
Envernizada,
Ou gasta pelo uso.
Não me interessa
Que seja um tronco musgoso
Caído ao acaso na berma dos passeios,
Ou muito arrumadinho por mãos jardineiras.
Gosto deles todos.
Onde me sento a apreciar a vida
Que há para além das flores
E das árvores.
As crianças
Ciclistas no presente,
Futebolistas no momento,
Desconhecedores do futuro
Para onde o rego da vida os levará.
Aquele casal de idosos,
Parecendo cansados da vida,
Mas que ainda assim
Trocam olhares coniventes
E carinhosas festas leves nas mãos engelhadas.
A juventude
Que se deita no banco
Depois de um dia atribulado
De estudo,
Ou de trabalho,
Ou de palmilhar ruas
Em busca de um ganha-pão.
Aqueles jovens enamorados
Que, a continuarem assim,
Com aquela troca de lábios quentes,
De olhares incendiados,
Com as mãos exploradoras,
Nos quais já se preveem,
Crianças, Ciclistas e futebolistas,
Que inocentes aguardam
O futuro
A que o rego da vida as levará.
Zé Onofre