Comentário 145
145
2021/07/06
Foi há muitos anos.
Zizagueando pelas ruas do Porto,
Sem outro rumo,
Se não afastar a Faculdade.
Ao acaso
Entrei numa Biblioteca.
Li e gozei o silêncio.
Quando saí,
Não era tarde, nem cedo
Para o nada que havia para fazer.
Entrei,
Verdadeiramente entrei,
Pelo portão de um jardim gradeado,
Desrespeitosamente,
Por aquele tempo sagrado à natureza,
E atirei-me para um banco.
Era a hora de me abandonar e voar.
Estava naquele presente/ausente,
Um riso cristalino e infantil
Trouxe lá dos confins,
Das nuvens perdidas
Que olhar algum alcança,
Para aquele chão,
Verdadeiramente encantado.
Uma mãe num outro banco
Perdia o olhar na filha,
Um olhar que luzia,
Duas tranças que esvoaçavam,
Esquecida de tudo,
Ria e jogava a macaca.
Zé Onofre