Comentário 134
134
2021/06/
Entre campos e montes,
Regos e regatos,
Ribeiros e rios
Me criei.
Chapinhava nos campos
Alagados de água,
Mergulhado nos regos
Até acima dos joelhos.
Nadava nas águas límpidas,
Até ao primeiro mergulho,
Da poça grande.
Rebolava na erva verde das leiras,
Até ao regato, o Tombio,
No fundo da ladeira.
Brincávamos ao esconde-esconde,
Abrindo túneis
Nos campos de centeio,
De onde saíamos a coçar o corpo.
Passávamos
Tardes e noites,
Na cabana de fetos,
A ler, a jogar cartas,
A falar de tudo e de nada.
Corríamos monte abaixo
Até ao Tâmega
No fundo do vale.
Corríamos os montes às pinhas,
Para fazer fogueiras à Srª da Graça,
No alto do monte,
Onde ao outro dia se faziam piqueniques,
E se assistia à Missa
E à procissão.
No Tâmega nadávamos,
Andávamos de barco,
Tostávamos à sombra,
Mas eu não fugia da sombra.
Eram dias lindos e gratuitos
E felizes.
Vivia em pleno,
Inocente e ignorante
Da vida.
Zé Onofre