Comentário extra numeração 1
Extra numeração 1
022/01/03
Dizem que no mar Mediterrâneo
Havia dois galifões
Rivais.
Dizem que na margem ocidental,
Mesmo na ponta mais a ocidente do Mediterrâneo,
Havia uma ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase.
Dizem que natal ilha
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
As águas dos riachos, ribeiros e rios
Arrastavam com as suas areias
Uns grãozinhos brilhantes como sol.
Dizem que os tais ditos galifões
Achavam que um deles estava a mais,
Para dominar
A tal ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
Com um discurso tão igual
Que parecia um disco em estereofonia.
– Estou a defender os meus interesses,
A minha segurança. –
Os tais dois galifões
Na sua gula insaciável
Esqueceram-se
Que na tal ilha
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
Na ponta mais a ocidente,
Do mediterrâneo ocidental
Havia gente.
Gente que nas altas montanhas,
Nos vales e encostas,
Nas zonas ribeirinhas de rios e praias
Da tal ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
Pastoreavam,
Agricultavam,
Pescavam,
E de vez em quando
Se metiam às areias à cata
Das tais pedrinhas brilhantes,
Tão cobiçadas,
Pelos tais galifões mediterrânicos.
As gentes ribeirinhas
Do Mediterrâneo ocidental,
Mesmo na sua ponta mais a ocidente,
Que viviam na tal ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
Ora se juntavam ao galifão C,
Ora ao galião R.
Porém os habitantes
Que viviam no interior da tal ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
Juntavam-se para correrem
Com os galifões C. e R.
Aconteceu que o galifão R.
Exterminou o galifão C.
E achou-se senhor do Mundo.
Então resolveu pacificar
As tais gentes que viviam
Na tal ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
Quem era aquela gente
Que vivia no ocidente do Mediterrâneo,
Na sua ponta mais ocidental,
Numa ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase?
Uns pastorzecos,
Uns agricultores da idade da pedra,
Apanhadores canhestros de pedrinhas amarelas,
De que sequer sabiam bem o valor,
Uns pescadores que pescavam quase à mão,
Tão bárbaros e incivilizados,
Que não tinham lei escrita,
Adoravam deuses tão bárbaros como eles,
Que falavam umas línguas,
Que qualquer pessoa culta entendia.
Decidiram que era urgente e necessário,
Levar à tal ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
No ocidente do Mediterrâneo,
Mesmo na sua ponta mais ocidental,
A sua lei
A sua cultura,
A sua paz,
Os seus deuses do Olimpo.
Em troca, da dádiva não pedida,
E muito menos desejada,
As gentes que viviam na tal ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
Ficariam sem as suas terras,
Desapropriadas das suas riquezas,
Espoliadas das suas línguas e tradições,
Dos deuses do seu Panteão
Para adorarem os deuses Olímpicos.
E viveriam, os que não se revoltassem,
Como nobres escravos
De tão Altos e Preclaros senhores.
Foi assim que aquelas gentes
Que viviam no ocidente do Mediterrâneo,
Mesmo na sua ponte mais a ocidental,
Numa ilha,
Que alguns dizem não ser propriamente ilha,
Mas apenas uma ilha quase,
Desapareceram para serem outra coisa qualquer.
Zé Onofre