Comentário 153
153
2021/07/22
Se a memória me não falha
Há cinquenta e dois anos
O Homem
Teve o atrevimento
Para ir daqui ali,
E já volto.
Fazer uma viagem
Ao queijo mais apetecido da história.
Conta-se que um lobo glutão,
Convencido por uma raposa astuta,
Mergulhou na água fria e profunda
De uma poça
Para abocanhar o leitoso queijo
Bem protegido por uma cortina aquosa.
O dito glutão,
Ganhou uma pançada de água,
Uns bigodes enlameados,
E um sufoco devido à lama que emborcou.
Naquela madrugada,
Quatro marmanjos,
Com idade para terem juízo,
Revezavam-se no maço de tabaco,
Para que nunca faltasse o fogo,
Enquanto esperavam,
O momento, único,
Em que Armstrong,
Se tornasse no Homem-Canguru,
Ao pôr o pé em solo lunar.
Era o fim da magia da Lua.
Acabavam-se os banhos de Lua
Que nos punham brancos como a neve.
Acabava-se a lenda do homem das silvas
Condenado a carregá-las
Ad aeternum
Por ter trabalhado a um Domingo.
Acabavam-se as viagens
Interestelares num raio de luar.
Apenas,
Porque lá em cima
Naquele falso queijo da raposeta,
Há um homem que espia
Através do seu capacete,
Este pó estelar,
Que nós somos
Perdidos aos trambolhões
Neste pedaço de estrela azul.
O Homem,
Este resquício de uma explosão estelar,
É invencível
A sonhar mais longe que os limites do espaço.
Basta uma “Kodak”
O ponto certo da luminosidade,
Para colocar a lua tão longe
Que jamais algum “Armstrong”
Caminhará.
Assim
A raposeta continuará a enganar o lobo,
Continuaremos a viajar nos seus raios,
Será só nossa, em noites de céu limpo.
Brincará às escondidas com todos,
Os amantes unir-se-ão corpo com corpo,
Até ficarem um só olhar,
E descobrirão novos mistérios lunares.
Zé Onofre