Comentáario 282
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022/07/24
Sobre No fim, só temos a solidão, Jovem Adulto Solitário, 29 JUN 22, essascartasparaele.blogs.sapo.pt
Chegará um dia em que pararei.
Seja lá o que for isso de parar.
Fecharei os olhos,
Mesmo que abertos estejam,
E só verei o que ficou lá atrás.
Ver-me-ei caminhando a compasso,
Avenida da Liberdade ao Rossio,
Entre milhares de pessoas
Por um objetivo comum.
Contudo o mar de gente que me rodeava
Por encanto desapareceu.
Ali vou eu sozinho
Entre as árvores
E o passaredo tranquilo,
A marchar sem destino.
Chegará um dia em que pararei.
Seja lá o que for isso de parar.
Fecharei os olhos,
Mesmo que abertos estejam,
E só verei o que ficou lá atrás.
Em que momentos de grande intimidade
Com quem partilhei amor, sonhos e futuros
Também nesses ter-se-á esfumado a companhia
E ver-me-ei agindo só,
Falando só,
Sorrindo só,
Pensando que estive acompanhado.
Chegará um dia em que pararei.
Seja lá o que for isso de parar.
Fecharei os olhos,
Mesmo que abertos estejam,
E só verei o que ficou lá atrás.
Nesse verificarei que somente a minha solidão
Acompanhou outras solidões iguais à minha,
E apreciaremos verdadeiramente o estar só.
Chegará um dia em que pararei.
Seja lá o que for isso de parar.
Fecharei os olhos,
Mesmo que abertos estejam,
E então verei do que ficou lá atrás
Foi juntar solidões
Em momentos especiais
Mas não banalizados.
Zé Onofre