Comentário 97
97
[Resolvi brincar com palavras de outrem (que eram em prosa) e com elas escrever um novo texto.]
Vamos
Estamos tão cheios de hoje,
Tão cheios de ontem
Tão cheios de futuro
Vamos velhos amigos
Dar a volta ao quarteirão
Sentar-nos num muro
Procurar espaços novos.
Vamos redescobrir o prazer,
De ver os desenhos das sombras,
Que projetam, no chão, as novas cores
Tudo o que ainda não existe
Mas podemos imaginar.
Vamos sem destino
E de mão dada ou separados
Acima
De novos escritos, de novos cheiros
Que nos façam rir, ou chorar.
Vem comigo
Conhecer nas paredes
De tudo Fechar os olhos
Sentir, que nos esquecemos de nós.
Vamos, calçamos os sapatos
E no mesmo caminho
Pintar a cores imaginadas
Como se não conhecêssemos
De sobra os objectos
Tudo o que ainda não existe.
Viver cada humor,
Por vezes parece-me
Que receamos viver, saborear,
Que nos esquecemos que somos nós
Que vamos ali a andar lado a lado.
Olha, então vem comigo pensar
Como se fosse o primeiro, ou o último dia.
Vem comigo encontrar
Conforme as larguras de estrada
E até sem vista
Tudo o que ainda não existe
Ou, que havemos de conhecer
Vens?
Zé Onofre