comentários 64
64
Há muitos, muitos anos,
Naquele tempo, em que
"Dos ledos anos se gozam os doces fruitos".
Andava perdido
Por montes e caminhos,
Por rios e ribeiros,
Olhando os velhos arvoredos,
Espiando nos seus ninhos,
O passaredo.
Um dia os meus olhos
Cruzaram-se com uns outros
E lá se foi o gozo dos ledos anos
"Que a fortuna não deixa durar muito".
Lá se foi a paz dos ventos,
Veio um vendaval que me desnorteou.
Andei por ali assim,
Olhando em círculos de longe,
Mas não tão tanto que uns olhos meus
Se deixassem de cruzar com os seus.
O muro caiu
E não houve tempo perdido.
Muitos outras paredes caíram,
Outras tantas se ergueram outra vez.
A última foi mais dura,
Caiu, ainda não se levantou,
Por estarmos sentados em cima dela,
Ou porque foi forte o vento que a derrubou.
Zé Onofre