Comentário 108
108
Havia, numa praia,
Um poste de madeira
Pés presos na areia
A mirar, apaixonado, o mar.
Uma paixão imensa,
Que o areal contrariava.
Aproveitou um vendaval
Libertou-se daquela prisão
Mergulhou totalmente no oceano.
Ondulou horizonte afora,
Carregado de sonhos
De marinheiros de água doce.
Correu os sete mares
Largando sonhos,
Levando sonhos,
De praia em praia,
De arribe em arriba.
Cansou,
Quando os mares
Já não tinham segredos,
Que ele não tivesse descoberto.
Regressou.
Cansado,
Atou-se ao areal,
Por um lenço azul
Tecido de água do mar,
Recordação marinheira.
Zé Onofre