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Comentários

08
Nov21

Comentário 147

Zé Onofre

 

                 147

 2021/07/10

 Sonhar…

No terreno dos sonhos

Tudo se desenrola

Como a fantasia o desenha.

Sonho.

Há um grupo 

Que em voo picado,

Do alto da encosta,

Mergulha no rio.

Há umas crianças

Que rebolam pela encosta verde,

De leira em leira,

Até àquele fio de água

Que os marmeleiros ora escondem,

Ora mostram em reflexos de prata.

Voar

Sobre as nuvens negras,

Olhar o sol que desliza

Na abóboda azul-infinito,

Enquanto sob os pés

As nuvens se rasgam

Em fendas de luz.

Ouvir e ver as fadas

Virem com as suas mãos-de-luz,

Os seus sorrisos-azuis,

A aplanarem o caminho

Para os Príncipes e Princesas

Que eternamente se apaixonam

E vivem felizes para sempre.

Cada vez que uns lábios mágicos

Soltam as fadas no meu sonho

Venço todos os obstáculos

Como Alexandre,

Desato “os nós-górdios”

Sempre de modos inovadores.

  Zé Onofre

05
Out21

Comentário 116

Zé Onofre

116

 

Os seres que somos,

Num só “eu”

Fazem-nos contraditórios

E incoerentes.

 

Que “eu” é este

Que tenta encadear

Com coerência e sentido

Todos os seus actos,

Todas as suas palavras –

Expressão do seu pensar?

 

Este “eu”,

Que ao mais pequena falsete,

Desdiz com o mesmo entusiasmo,

O que antes com a mesma veemência

Antes afirmara.

 

Concluo, então, que não somos

Rochas monolíticas imutáveis.

Apenas um leito

Formado de altos e baixos

De um rio convulso,

Mistura de muitas águas,

Onde cada uma

Modela,

Calhaus rolados,

Que mostram

Um pouco dos outros

De que somos formados.

  Zé Onofre

17
Set21

Comentário 99

Zé Onofre

                   99                                            

 

O meu rio não é o Tejo,

É um pequeno rio

Que não reflecte o azul,

Mas o verde das árvores.                             

Era um prazer no verão

Fazer quilómetros a descer

Nadar nas águas junto ao açude,

Ficar estendido na areia a ler um livro.

Depois olhar as aves ribeirinhas,

Guarda-rios penso eu,

Mergulharem com a certeza

De filarem um desprevenido peixe.

Ouvir apenas os sons da natureza,

Tão longe das gentes,

Que às vezes me julgava Adão.

Já lá vinha a sombra do monte

Que me empurrava monte acima,

Até casa, onde se acabava o enleio.

06
Set21

Comentário 86

Zé Onofre

                86

Não é totalmente mau saber-se perdido.

Ao menos sabe-se,

Sem fantasias ou ilusões,

Que não se está aqui ou além.

Sabe-se que onde se está

Pode ser um sítio dentro de nós,

Pode se um mar ou uma montanha,

Pode ser uma ilha ou um rio,

Sabe-se apenas que o sítio é errado.

Sabe-se que basta encetar a descoberta

Do caminho de regresso ao ninho

 De onde um dia se foi arrastado

Pelo vendaval que é a vida.

     Zé Onofre

20
Ago21

Comentário 70

Zé Onofre

                 70

Paz de espírito,

Quem a souber

Que m'a ensine,

Que eu vou buscá-la.

A pé ou de rastos,

Aos trancões ou aos baldões,

Pelo rio, pelo ar,

Ou pelo mar.

Digam-me onde ela está

E eu irei buscá-la.

Já tentei encontrá-la

No ruído da multidão,

Sentado quedo e mudo,

Vendo o turbilhão rodopiar.

Sentado no alto do monte

Confidenciando com o vento.

À beira rio sentado no açude

A ouvir a água cantar.

Sentado numa fraga

A ouvir o mar.

Sentado num banco da praça

Falando com o poeta de bronze

Olhando imperturbável o Marão.

Já fechei os olhos.

Já fechei os ouvidos.

Já desisti de ler.

Já desisti de tudo.

A paz de espírito

Continuou altivamente inalcançável.

Quem a souber,

Me ensine o caminho

Que eu vou buscá-la.

    Zé Onofre

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