Comentário 207
207
2021/10/31 Sobre uma publicação de Fátima Ribeiro em 21.OUT.31
Para o mundo
Para que servem os atos
Ou os sonhos?
Se assustam são grandes,
Se apaziguam são insignificantes.
Zé Onofre
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207
2021/10/31 Sobre uma publicação de Fátima Ribeiro em 21.OUT.31
Para o mundo
Para que servem os atos
Ou os sonhos?
Se assustam são grandes,
Se apaziguam são insignificantes.
Zé Onofre
147
2021/07/10
Sonhar…
No terreno dos sonhos
Tudo se desenrola
Como a fantasia o desenha.
Sonho.
Há um grupo
Que em voo picado,
Do alto da encosta,
Mergulha no rio.
Há umas crianças
Que rebolam pela encosta verde,
De leira em leira,
Até àquele fio de água
Que os marmeleiros ora escondem,
Ora mostram em reflexos de prata.
Voar
Sobre as nuvens negras,
Olhar o sol que desliza
Na abóboda azul-infinito,
Enquanto sob os pés
As nuvens se rasgam
Em fendas de luz.
Ouvir e ver as fadas
Virem com as suas mãos-de-luz,
Os seus sorrisos-azuis,
A aplanarem o caminho
Para os Príncipes e Princesas
Que eternamente se apaixonam
E vivem felizes para sempre.
Cada vez que uns lábios mágicos
Soltam as fadas no meu sonho
Venço todos os obstáculos
Como Alexandre,
Desato “os nós-górdios”
Sempre de modos inovadores.
Zé Onofre
124
Sabendo-se, ou não,
Todas as idades
São idades de sonhar.
Apenas
Se mudam as idades
Mudam-se os sonhos,
E as vontades
De mudar.
Em todas as idades
Se sonha,
Sempre mais à frente.
Porém,
O mais à frente de cada idade
É mais curto.
Contudo, conforme o fim dos dias
Se vai chegando
Sonha-se sempre
Mais além da cova que nos espera.
Zé Onofre
120
Todo o Homem
Que já foi Menino
- Há “homens que nunca foram meninos”-
Se lembra
Desse tempo de encantamento.
Desse tempo
Em que acreditava
Que os seus olhos
Clareavam o dia,
Que acreditava
Que a correr
Arrastava o sol pelo azul,
Qual estrela de papel.
Que o movimento das suas mãos
Agitavam as árvores ao vento.
Que os segredos
Que as folhas confidenciavam às aves
Os segredava da sua boca inocente.
Que estas, diligentes,
Faziam chegar aos poetas.
Que os versos
Eram os sonhos que ele murmurava
Enquanto brincava
No verde dos campos,
Sentado num penedo
A mirar o rio.
Acreditava
Que o rio e o mar,
Aquela rocha e o monte além,
Existiam pela sua vontade.
Sentia-se Senhor da Terra e do Céu
Que bastava dizer a palavra mágica
Para voar para além do horizonte,
Muito mais além das estrelas,
Para além do que a imaginação alcança.
Feliz o Homem,
Que,
Por breves momentos mágicos,
Volta a ser aquele inocente menino.
Zé Onofre
108
Havia, numa praia,
Um poste de madeira
Pés presos na areia
A mirar, apaixonado, o mar.
Uma paixão imensa,
Que o areal contrariava.
Aproveitou um vendaval
Libertou-se daquela prisão
Mergulhou totalmente no oceano.
Ondulou horizonte afora,
Carregado de sonhos
De marinheiros de água doce.
Correu os sete mares
Largando sonhos,
Levando sonhos,
De praia em praia,
De arribe em arriba.
Cansou,
Quando os mares
Já não tinham segredos,
Que ele não tivesse descoberto.
Regressou.
Cansado,
Atou-se ao areal,
Por um lenço azul
Tecido de água do mar,
Recordação marinheira.
Zé Onofre
81
A solidão é um estado de alma,
Em o que se sente
Tem sentidos múltiplos,
Tantas vezes contraditórios.
A Solidão é, muitas vezes,
O ponto de equilíbrio
Entre o borburinho que é a nossa vida
E o rolar a mil à hora do mundo lá fora,
Que nos cilindra.
É um local onde nos achamos,
É o húmus onde florescem
Sonhos e viagens
Únicos e únicas.
Outras,
É o local perdido
Onde nos encontramos
Loucos à procura dos outros,
Dos outros que queremos
Tocar, abraçar, apertar
E nos escapam por entre a poeira dos segundos.
Há solidão ansiosa,
"Daqueles que foram cativados",
Que a cada momento que passa
Os torna mais próximos da hora certa
De se perder na pessoa cativada.
Zé Onofre
78
O sonho nasce
De uma gota de orvalho
Refractando o sol da manhã.
Do piar de um recém-nascido,
Embalado pelo vento,
No seu berço no alto de uma árvore.
Da lágrima de uma mãe
Quando sente o bebé,
Saído do seu ventre,
No seu colo ávido de dar ternura.
De um sussurro do vento
Nas folhas de um bosque.
Do balir de um anhito,
Tropeçando, ainda, nas suas frágeis pernitas.
Do cantar de uma fonte,
Futuro ribeiro, ou rio,
Leito de sonhos levados para o mar.
Do Olhar de uma pessoa enamorada,
A ver o respirar manso da amada.
Do beijo delicado dos amados,
Numa noite de luar, ou de estrelas.
Do amor concretizado
Num momento único e simples.
Este sonho
Que nasce e renasce,
Que floresce em flores,
Amadurecem em frutos,
Que maduros largam as sementes no vento,
Nasceu no momento,
Ou quem sabe milhões de anos antes,
Em que um primata,
Inadvertido desceu de uma árvore,
E, sem saber o que fazia,
Caminhou pela Savana
Até se manter erecto.
Zé Onofre
52
Feliz, o homem, que encontra uma caravana que o leve.
Feliz, o homem, que teve a coragem de entrar na caravana.
Feliz, o homem, que encontrou a beleza da vida, tão mais bela, do que aquela que os seus sonhos lhe mostravam.
Feliz, o homem, que encontrou forças para continuar viagem pelos seus próprios pés.
Feliz, o homem, que soube o momento certo para correr e voar ao encontro do azul para além da imaginação.
Zé Onofre
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