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Comentários

13
Dez21

Comentário 174

Zé Onofre

                   174

 

2021/08/18

 

Expulso do ventre da mãe

Entrei neste mundo

Vestido com a frágil pele,

E com um grito,

Choque do ar nos débeis pulmões.

 

Logo,

Nesse primeiro dia,

Vestiram-me.

Ano após ano

 

Com mais trapo,

Menos trapo

Desligaram-me das sensações puras

Tomadas à flor da pele.

 

Chega um momento

Que sinto vontade de viver,

A urgência de brincar,

O desejo de sonhar,

De seguir caminhos

Mais ou menos dolorosos.

Mais ou menos silenciosos

À procura da vida.

 

Só com pés nus

Possuo o caminho.

Nas pedras ásperas deixo sangue,

Leve, sigo pelo manto de musgo,

Poiso aqui e ali no areal,

Sinto-me gaivota.

 

Pela renda das nuvens

Olho a espuma das ondas

Que se enrola nas areias.

 

Dois trilhos de pés descalços,

Separados por uma sombra,

Que duas mãos unem.

 

Uma gargalhada límpida

Ecoa das pegadas abandonadas.

 

Nesse momento

Compreendo a grandeza

De ter vindo nu ao mundo.

   Zé Onofre

28
Ago21

Comentário 78

Zé Onofre

          78

O sonho nasce

De uma gota de orvalho

Refractando o sol da manhã.

Do piar de um recém-nascido,

Embalado pelo vento,

No seu berço no alto de uma árvore.

Da lágrima de uma mãe

Quando sente o bebé,

Saído do seu ventre,

No seu colo ávido de dar ternura.

De um sussurro do vento

Nas folhas de um bosque.

Do balir de um anhito,

Tropeçando, ainda, nas suas frágeis pernitas.

Do cantar de uma fonte,

Futuro ribeiro, ou rio,

Leito de sonhos levados para o mar.

Do Olhar de uma pessoa enamorada,

A ver o respirar manso da amada.

Do beijo delicado dos amados,

Numa noite de luar, ou de estrelas.

Do amor concretizado

Num momento único e simples.

Este sonho

Que nasce e renasce,

Que floresce em flores,

Amadurecem em frutos,

Que maduros largam as sementes no vento,

Nasceu no momento,

Ou quem sabe milhões de anos antes,

Em que um primata,

Inadvertido desceu de uma árvore,

E, sem saber o que fazia,

Caminhou pela Savana

Até se manter erecto.

   Zé Onofre

18
Ago21

Comentário 66

Zé Onofre

                                         66

Todos viemos do fundo do tempo de mãos nuas.

Todos devíamos ir de uns para os outros de mãos nuas.

Todos devíamos chegar ao fim de cada dia de mãos vazias.

Todos regressaremos ao ventre da Mãe Terra de mãos vazias

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