Comentário 236
236
022/03/21, sobre a publicação, Mostra-me a poesia nas coisas feias, de Maria em silêncios.
A poesia da guerra
Não está na guerra,
Nas vidas ceifadas,
Sejam elas das primaveris flores,
Ou dos inocentes animais das florestas,
Das vidas acabadas antes do tempo.
A poesia da guerra
Não está nas pernas cansadas
Que automáticas avançam
Por entre prédios destruídos,
Caminhos carbonizados,
Ainda mais escuros
Pelo vermelho que foi vivo,
Do sangue derramado.
A poesia da guerra
Não está nas palavras que tentam explicar,
O inexplicável,
Na procura de culpados,
Quando todos o somos,
Nas palavras trágicas com que a mostram,
Até ao pormenor mais insignificante,
Para se derramarem lágrimas fáceis.
A poesia da guerra
Poderá estar no modo terrível,
Como de tempos a tempos,
Cada vez mais frequentes esses tempos,
Somos chamados à realidade crua
Em que vivemos,
Se esse despertar assustado
Fizer florescer no chão,
Que somos nós,
Uma flor de Paz
Que destrua, por uma vez,
Toda a indústria da morte.
Zé Onofre